sáb. jul 27th, 2024
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O voto é seu e de mais ninguém

Bem-aventurados aqueles que enxergam o mundo sem filtros, bem-aventurados os puros de coração, bem-aventurados os que promovem a paz, bem-aventurados os que são perseguidos.

HÁ exatos 57 dias das eleições de 2022 vivemos um turbilhão de verdades expostas, que demonstram que não é possível mais ficar inerte a tudo a sua volta e que sempre esteve presente em nossa sociedade, as vezes tenho dúvidas em chamá-la assim e por muitas vezes está fazendo parte dessa instituição doente, desatualizada, violenta e precarizada que me deixa triste e mesmo assim continuamos sem olhar pra trás. E o que falar do país aliás nesses últimos anos, descobrimos pra que serve toda essa engrenagem e por que temos que ter uma carga tributária tão pesada, afinal é preciso sustentar uma Mega – máquina de moer recursos ilimitada em pró de 10% da população que se beneficia com toda riqueza aqui concebida para a jato desfrutar dos fast foods no Sudeste da Flórida.

O fato é que estamos aqui ajudando a construir tudo aqui, e nunca tivemos voz e espaço.

Não precisa de tradução ou de maiores nessas entrelinhas pois é fácil a leitura, fica por conta de tudo aquilo que nossos ancestrais viveram e nós ainda vivemos.

O que aconteceu em Portugal não é ficção é uma dízima do que foi herdado pelo Brasil, em um processo de violência colonial e que perdura até os dias atuais.

A perversidade agora pode ser vista online, e não tem mais classificação indicativa, o que antes era praticado nas escolas de ensino fundamental e posteriormente reforçada no ensino médio ganhando força em uma sociedade baseada em rótulos e ancorada no preconceito de classes e etnias. Agora com a abertura do radicalismo dos extremistas conservadores está sendo levado para outro patamar que as ruas restaurantes e sem você notar já está aí na porta da sua casa.

Desde de pequeno aprendi a temer a esquerda era a máxima em 1970, pois os subversivos eram perigosos e queriam destruir o mundo, além é claro de comer criancinhas fato é que nunca presenciamos ou tomamos conhecimento de alguma notícias nas capas dos jornais, com a manchete introdutória – “Polícia Desmantela Rede de Restaurantes Infantil, estabelecimento não seguia as normas da Vigilância Sanitária”, essa talvez tenha sido uma das grandes fake news espalhadas pelos grandes sistemas capitalistas para tentar combater o socialismo marxista.

Enquanto isso em Gotham City Brasil, notícias borbulham desenfreadas sobre relatos que envolvem, racismo, sexismo, misoginia e todas as formas de preconceito acompanhadas de violência extrema e com grande divulgação nas redes sociais e nos stories da vida digital. Em nosso cercadinho tudo é mais verde, eu posso até sentir o cheiro das rosas e das hortaliças, isso não esconde a verdade, e qual é a verdade? A verdade é que estamos apoiados a séculos de atraso moral, social e de lisérgica empresarial.

Pelos bons costumes e em nome da família, crimes são cometidos e distorções são criadas, para justificar e defender uma forma machista e opressora de vida social.

Consumimos uma mentira fantasiosa Eurocêntrica de família, forjada nos porões eclesiásticos, e que em nada nos lembra a verdade nua e crua do que realmente é no sentido literal de família.

Em contraponto a moral e bons costumes, o multiverso do achismo cresce e encobre o machismo e os privilégios de uma sociedade decadente, que em quatro paredes ou nas andanças noturnas perpetuam sua voraz sede de desejos e de pecados materiais.

O atraso do pensamento do empresário brasileiro frente às revoluções mundo afora, mostra bem o quanto mesquinha é a sua relação com o mercado, que se baseia puramente em seu faturamento sempre a serviço de seu modo de vida, nem que pra isso precise apertar o seu peão ou melhor colaborador.

No meio de todo esse furacão estamos nós povo preto sem filtro, desumanizados e ainda tratados como mercadoria, ajudando a naturalizar políticas de extermínio pelo bem maior, mais qual bem maior, Se você é o sujeito e não o adjetivo a ser exterminado. Precisamos nos aquilombar e apropriarmos de nossa história, e de todo o processo do Holocausto Negro pois temos que reescrevê-la para que possamos verdadeiramente distribuir os louros aos culpados de fato.

O Racismo estrutural é um mal que impede o crescimento social do mundo e principalmente do nosso país ao não aceitar a diversidade, deixamos de aproveitar o que de melhor ela pode nos oferecer, talento, qualidade, ideias e evolução.

Quem perde não é apenas a população preta, é o país. Quem é punida? A população preta e também o país.

O final de semana em Portugal pode ser tão cruel e assustador para nós e nossas crianças, como todo dia no Brasil é, isso mostra claramente uma das grandes contribuições deixadas pelos nossos sequestradores, os melhores colonizadores.

Há 40 anos na Década de 80 seria preconizante falar ou trazer ao debate temas que hoje se fazem presentes nas rodas de lives e de debates, é claro que em uma escala bem menor do que nos dias atuais. Nosso espaço se resumia aos morros, favelas, periferias, as rodas de samba, as casas de matriz africana, terreiros de Umbanda, no movimento estudantil com restrições, nos grêmios acadêmicos com restrições, nos bares e botequins da vida sem restrições, hoje não é muito diferente pois os lugares ainda são os mesmos.

Bem-aventurado é claro que algumas coisas evoluíram e melhoraram na vida dos nossos, mais que fique bem claro que muitas dessas mudanças não foram apenas para nós ou só pra nós, mas diria que foram dadas de maneira genérica pois faziam-se necessárias, portanto não havia maneiras de impedir de sermos agraciados, seria como realizar a Revolução Industrial contando com apenas 10% da população, e isso o capitalismo não permitiria.

As nossas pautas ainda são as mesmas e as aparências não enganam não, o que antes eram uma expectativa, hoje pode ser tornar realidade, e tem urgência

As eleições de 2022 podem e devem ser o divisor de águas, não só para a democracia, mas principalmente nós povo preto, que temos a oportunidade neste momento de olhar com um pouco mais de carinho para essas urnas em outubro.

Será que votando apenas em candidatos brancos com pautas sociais justas e ideias que respeitem a diversidade estaremos em fim avançando para uma maior representatividade?

Eu já tenho a minha resposta e sei que nenhum deles pode falar por mim, pois os mesmos não vivem e não são expostos ao preconceito, ao racismo e a todos os males sociais como eu. À então temos que votar apenas em candidatos pretos? Acredito que sim, mas tem uma bagagem que tem que ser levada em conta.

Não adianta votar tem que conhecer e nesse momento temos que usar o filtro, para não darmos voz a aberrações sociais, que acreditam que não houve escravidão, que não existe racismo, nem preto sou, e pior acredita que no Brasil está tudo funcionando as mil maravilhas, não é bem assim, o voto é seu e você faz o que bem entende, só lhe chamo atenção pra refletirmos juntos, se somos 57% da população Brasileira, por que ainda não temos representatividade na principal casa legislativa do país. Segundo dados da Câmara, dos 513 deputados, 385 se autodeclaram brancos (75%); 104 se reconhecem como pardos (20,27%); 21 se declaram pretos (4,09%); 2 amarelos (0,389%); e 1 indígena (0,19%).

Por que ainda não somos 385 no Congresso Nacional? Sem filtro, Talvez por que você prefira acreditar em um país que realmente não existe e que pouco está preocupado com o seu bem ou com o futuro dos seus, ou por que você é da turma que prefere dizer a máxima, “Eu não gosto de política”.

No Mundo sem filtro não existe depois tem que ser agora, se você neste momento não fizer a sua parte para mudar a sua realidade e de seus filhos e netos, fazendo com que seu voto coloque no poder quem realmente lhe representa e que este ou está seja igual a você, o perverso final de semana de Portugal em livre tradução para o nosso dia a dia aqui no Brasil, sem filtro poderá se tornar apenas mais um fato isolado na boca miúda de alguns.

No mundo sem filtro você ainda não existe, mas pode sim se inventar. 

 

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Eddie Junior

Radialista à 20 anos na Região Metropolitana de Campinas , Jornalista
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